domingo, 13 de abril de 2008

Noite estrelada...

Combinação de noite perfeita:

Uma peça de teatro imperdível, um jantar inesquecível e uma companhia amada e prazerosa.

A Peça:
Negro de estimação

Negro de estimação é um soco no estômago. Não há como
ficar indiferente ao espetáculo, que transpõe das páginas do livro Contos
negreiros, de Marcelino Freire, para o palco, uma pulsação rara de se ver em
montagens contemporâneas. Até porque este solo, protagonizado pelo caruaruense Kleber Lourenço, 28 anos, veio ao mundo para suscitar questionamentos e falar sobre identidade racial e sobre o ser brasileiro, construindo e desconstruindo o corpo do negro e seu cotidiano. De luta, de exploração sexual, de afirmação numa sociedade preconceituosa e tantas vezes perversa.Depois de participar do Fringe, a mostra paralela do 17º Festival de Curitiba, Negro de estimação inicia temporada no Teatro Apolo neste sábado, às 21h e domingo, às 20h, ficando em cartaz até 27 de abril. É a primeira temporada do espetáculo, que fez sua estréia oficial na capital pernambucana no Festival Recife do Teatro Nacional em 2007. Mas, graças ao modo articulado e profissional como Kleber Lourenço encara sua carreira, Negro já conta com um currículo extenso, que inclui apresentações no Porto Alegre em Cena, em Belo Horizonte (Teatro Sesi Minas) e em São Paulo, durante as Satyrianas 2007, evento organizado pelo grupo Os Satyros, além do último Janeiro de Grandes Espetáculos.Para dar conta do recado indigesto de Negro de estimação, com assuntos mais do que necessários de se trazer à tona, Kleber Lourenço une as linguagens da literatura, do teatro e da dança, num processo que se confunde com sua própria trajetória artística. Antes de se debruçar sobre a adaptação do livro de Marcelino Freire, vencedor do prêmio Jabuti de Literatura 2006, com co-direção de Marcondes Lima, Kleber Lourenço já havia vertido para o teatro Para meu silêncio, baseado na obra de Hilda Hilst e Jandira, inspirada no universo de Murilo Mendes."Utilizo os movimentos da dança, mas a pesquisa de corpo é calcada na ação dramática. É o meu lado de performer, do improviso, com personagens que foram surgindo de maneira dinâmica e fragmentada", comenta Kleber Lourenço, ao afirmar que o discurso dos textos se mistura com o de seu próprio corpo, que teve formação clássica e popular.

Da vivência em um terreiro de candomblé, da qual se apropria para a primeira cena da montagem, à memória de sua família, o ator-bailarino se entrega completamente aos personagens, materializando uma peça híbrida e provocante. Para amar ou detestar. As trocas de roupa são muitas durante as cenas e há momentos, como o da senhora que domina um negro para seu prazer sexual, que podem soar exagerados. Ou serem apenas o reforço de estereótipos, uma postura maniqueísta.
Mas ao narrar histórias de preconceito de raça, turismo sexual, tráfico de rins,
exposição na mídia, Negro de estimação coloca as pessoas para pensar sua vivência em sociedade. E dá conta do recado.Na ficha técnica de Negro de
estimação, Luciano Pontes cuidou dos figurinos; Bruno Vilela da cenografia; Zé
Guilherme Allen assina a trilha sonora - que se destaca ao investir na fusão de
percussão e música eletrônica - e a iluminação foi criada por Luciana Raposo. A
montagem contou com incentivo do Funcultura e apoios da Prefeitura do Recife,
Centro Apolo-Hermilo, Salute Academia e Bar Casa da Moeda.

ServiçoNegro de estimação, solo de Kleber Lourenço

Onde: Teatro Apolo (Rua do Apolo, Bairro do Recife)

Quando: Sábado, às 21h e domingo, às 20h.

Até 27 de abrilQuanto: R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada)

Informações: 3232-2028/ 3232-203

Site: www.kleberlourenco.com.br

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O Jantar:
O Assucar (81/3419-7582), no Shopping Alfândega, no bonito centro histórico restaurado do Recife, mostra criatividade com ingredientes regionais. Difícil resistir à panela de risoto mucama (peixe, lagosta, camarão, vieira e mexilhão, arroz com açafrão, coentro e molho de coco) ou à pescada-amarela empanada com farofa de camarão e açúcar mascavo.


A companhia...
UM GRANDE AMOR.

1 comentários:

Anônimo disse...
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